As consequências do amoníaco nas explorações

Mas afinal, como é que as fezes interferem tanto no bem-estar destas aves?

A sua dieta na exploração é formulada com um alto teor proteico. “As aves não possuem mecanismos de armazenamento de aminoácidos consumidos, para além do necessário para a síntese proteica. Com o excesso de aminoácidos, ocorre o processo de desaminação e o azoto derivado é excretado na urina principalmente na forma de ácido úrico (80%), amoníaco (10%) e ureia (5%). Entretanto, a grande quantidade de ácido úrico é excretado e prontamente convertido em amoníaco através de uma cadeia de reações catalisadas por enzimas, nomeadamente, uricase e urease presentes nas fezes” [1].

Sentados em camas sujas, o amoníaco queima estas aves que ali ficam expostas diariamente.

Créditos fotográficos © Stefano Belacchi / Essere Animali / We Animals Media

O amoníaco torna-se corrosivo para as aves que ficam expostas ao mesmo durante tantas horas. “Quando em contacto com a humidade nasal, o amoníaco reage com a humidade formando uma solução básica corrosiva. A solução aquosa de amoníaco formada corrói o revestimento respiratório do frango afetando a imunidade do sistema respiratório, tornando o animal suscetível a infeções bacterianas (…)”.

Dermatite causada por ação química do amoníaco numa exploração portuguesa. [2]

Segundo o Manual de Bem-Estar Animal, a exposição ao amoníaco pode também evidenciar-se através de problemas oculares:

 “Conjuntivite pode indicar presença de poeiras e gases irritantes como o amoníaco. Níveis elevados de amoníaco também podem causar queimaduras da córnea e eventualmente cegueira.” [3]

Não esqueçamos que estas aves estão em constante contacto com as fezes umas das outras nos pavilhões de exploração e que faz parte da sua natureza debicar. Quando debicam o solo sujo, ingerem parte da sua sujidade que acaba por ficar no seu organismo. Isto pode propiciar a propagação de bactérias. Sabendo destas possibilidades, a alimentação destas aves é compensada com agentes profiláticos que o consumidor acaba por ingerir posteriormente.

Segundo H.H. Kristensen (2000) [4], a exposição ao amoníaco “causa irritação nas membranas mucosas dos olhos e do sistema respiratório, pode aumentar a suscetibilidade a doenças respiratórias e afetar a ingestão de alimentos (…)”.

É um ciclo vicioso. A qualidade e a higiene das camas são fatores essenciais mínimos para aquilo que a lei considera “bem-estar” e pode perceber-se se estas condições foram asseguradas, aquando o abate e na inspeção postmortem.

Créditos fotográficos © Stefano Belacchi / Equalia / We Animals Media

Vídeo:

Excerto do documentário "Dominion"

Play Video

Créditos fotográficos © Farm Transparency Project / Dominion

Texto da petição:

Pelo fim do abate de pintos machos

Reconhecemos que esta prática é cruel, inaceitável e desumana, devendo ser legalmente proibida. Consideramos ainda que tal método não se justifica e não é coerente com as políticas de Bem-Estar Animal que a indústria e a legislação portuguesa dizem implementar. 

Queremos ver esta prática abolida e incentivos à investigação de tecnologias mais compassivas na indústria.

Atenciosamente,

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