Como o “Frango de Amanhã” se tornou o Frankenchicken de hoje

Existem vários momentos na história que moldaram a forma como consumimos no presente, inclusive a forma como nos alimentamos. Um desses momentos determinantes conta a história do “Frango de Amanhã”.

Como tudo começou.

Foi em 1945 que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, com o apoio de uma rede de supermercados, decidiu criar o concurso “Chicken of Tomorrow” (Frango de Amanhã, em português), cujo objetivo seria levar os concorrentes a criar o frango ideal para comercializar. E o que seria esse frango ideal? “Um frango grande o suficiente para alimentar toda a família, com peito grosso o suficiente para cortar bifes e coxas com ossos pequenos e carne suculenta, tudo a um custo mais baixo, em vez de mais alto.”

Charles Vantress foi o vencedor do concurso. As suas aves foram tão produtivas que, já no início da década de 1950, quase 70 % dos frangos no mercado americano possuíam a sua genética. Esta rápida propagação provocou a extinção de muitas raças. E, três anos mais tarde, Vantress venceu novamente numa nova edição do concurso, com a apresentação de outra ave proveniente de novo cruzamento. Foi assim que se estabeleceram as principais empresas de incubação do setor — a atual Cobb-Vantress e a empresa Aviagen (nome atual, depois de passar por uma série de fusões e aquisições, que surgiu com o vencedor do segundo lugar neste concurso). Ambas as empresas fornecem reprodutores para cada um dos mais de 9 mil milhões de frangos criados nos Estados Unidos a cada ano, bem como para outros mil milhões de frangos híbridos criados em todo o mundo

E é assim que, atualmente, são abatidos mais de 70 mil milhões de frangos todos os anos mundialmente, cuja genética principal pertence a uma destas duas multinacionais, e com um sistema de produção intensivo e cruelmente desenhado para aumentar o lucro das empresas, à custa do sofrimento animal. A selecção genética debilitou tanto o corpo destas aves, que tornou a sua existência num constante martírio.

E é também por isto que as galinhas que hoje conhecemos estão cada vez mais longe da sua genética natural. São um animal criado por nós, um produto criado pelos humanos para os humanos, um verdadeiro Frankenchicken.

Vídeo:

Excerto do documentário "Dominion"

Play Video

Créditos fotográficos © Farm Transparency Project / Dominion

Texto da petição:

Pelo fim do abate de pintos machos

Reconhecemos que esta prática é cruel, inaceitável e desumana, devendo ser legalmente proibida. Consideramos ainda que tal método não se justifica e não é coerente com as políticas de Bem-Estar Animal que a indústria e a legislação portuguesa dizem implementar. 

Queremos ver esta prática abolida e incentivos à investigação de tecnologias mais compassivas na indústria.

Atenciosamente,

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