O desperdício alimentar é uma realidade que há muito conhecemos. Além da insustentabilidade do nosso sistema alimentar e da quantidade de comida que desperdiçamos, há um outro ponto determinante que devemos ter em conta: as vidas que roubamos.
Não falemos apenas da quantidade de pessoas que passam fome enquanto outras deitam alimentos fora. Falemos também dos milhões de seres conscientes dos quais abusamos, que exploramos e depois deitamos num saco de plástico para dentro de um qualquer contentor de lixo, porque já estamos satisfeitos e não nos apetece comer mais.
Mas, antes mesmo de chegarem ao nosso prato, existem muitos animais nas explorações que nem sequer chegam a ser vendidos para consumo. Porquê?
Em relação às reprovações, estas devem-se, por exemplo, a traumatismos sofridos pelo animal devido à má apanha e manuseamento agressivo por parte dos tratadores, à colocação dos animais nas caixas de transporte ou ao transporte e descarga dos animais.
Estes dados recentes, fornecidos pela DGAV, revelam que, em 2022, foram abatidos mais de 207 milhões de frangos para consumo humano. Deste total, cerca de 385 mil aves morreram ainda no transporte e 2 milhões foram consideradas impróprias para consumo. Seria também interessante ter acesso ao número de animais que sucumbem ainda na exploração.
São números altamente relevantes, que nos podem dizer muito em relação ao bem-estar destes animais, durante o seu curto período de vida, mas também em relação à insustentabilidade da produção. Revelam que os animais têm os corpos tão doentes ou que não são sequer considerados adequados para comercializar, sendo esse o propósito de todo o seu sofrimento.
Num estudo realizado por investigadores da Universidade de Leiden, na Holanda, ficou claro que, em 2019, 18 mil milhões dos 75 mil milhões de porcos, galinhas, perus, vacas, cabras e ovelhas criados para alimentação em todo o mundo nunca foram consumidos. Ou seja, podemos dizer que foram produzidos e explorados 18 mil milhões de animais para nada.
Como sabemos, já foram estudadas e defendidas por ONG em todo o mundo várias medidas que apostam na melhoria do bem-estar animal em todas as fases de produção, para minimizar a quantidade de seres que é explorado e nem sequer chega a ser consumido (um em cada quatro animais criados para consumo). Mais concretamente, em relação à avicultura, a raça selecionada geneticamente para crescer a uma velocidade insustentável na indústria do frango é um dos pontos mais apontados por quem luta para diminuir a morte antecipada de tantos destes animais.
Contudo, não haverá uma forma mais rápida, simples e eficaz de acabar com estes números assustadores? Como podemos garantir que animais sencientes deixem de ser explorados, diariamente vítimas de abuso e depois atirados para contentores, com indiferença e desprezo por tudo aquilo que passaram?
Sabemos que sabes a resposta mais eficaz, e partilhamos aqui páginas que te podem ajudar:
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Reconhecemos que esta prática é cruel, inaceitável e desumana, devendo ser legalmente proibida. Consideramos ainda que tal método não se justifica e não é coerente com as políticas de Bem-Estar Animal que a indústria e a legislação portuguesa dizem implementar.
Queremos ver esta prática abolida e incentivos à investigação de tecnologias mais compassivas na indústria.
Atenciosamente,