“Não como carne, apenas frango!”

“Não como carne, apenas frango!”

As galinhas são tão cognitivas, emocional e socialmente complexas como a maior parte das aves e mamíferos, em várias áreas e conseguem antecipar situações, são capazes de memorizar, de desenvolver raciocínios lógicos, de autocontrole e cada uma delas tem a sua própria personalidade. São ainda dotadas de empatia, como podes ver neste exemplo.

Será então o consumo de frango menos mau do que o consumo de outros produtos de origem alimentar? Se estamos a falar de seres sencientes, porque classificamos uns como mais importantes do que outros, assumindo como mais ético a substituição do consumo do corpo de um, pelo corpo de outro? 

 

Porque acreditamos que consumir carne de aves é mais aceitável do que as demais?

Depois de classificado como potencialmente cancerígeno, o consumo de carnes vermelhas começou a ser substituído pelo consumo carne de frango, de forma muito significativa, e a tendência desta transição tem se mantido. 

Sabemos que quem opta por não consumir carne de vaca ou de porco por questões éticas, tende a não sentir o mesmo grau de empatia por aves, tal como galinhas, possivelmente por serem animais mais distantes dos mamíferos como nós, com os quais não nos identificamos tanto, ainda que sejam também seres sencientes. 

Contudo, as aves exploradas para a produção de frango são muito menores em tamanho, o que significa que é necessário um maior número de vidas exploradas e abatidas para satisfazer toda a demanda pelo produto final.

 

Quantos animais são abatidos anualmente? 

Um artigo recente (2022) da Faunalytics ajuda-nos a perceber com clareza a diferença na quantidade de animais abatidos por espécie. Entre o abate de porcos, vacas e ovelhas, o total de animais terrestres abatidos só no ano de 2020 foi de mais de 2 mil milhões, o que é devastador. 

Globalmente o total de animais abatidos, nesse ano, foi de 73 mil milhões, e as galinhas representam mais de 70 mil milhões desses abates, ou seja, 95% do total de animais abatidos.

Porcos Vacas Ovelhas Galinhas Total
1.511.512.828 293.196.735 590.507.650 70.767.577.000 73.162.794.213

Dados partilhados pela Sentient Media vão mais além, afirmando que, por ano, cerca de 72 mil milhões de galinhas são abatidas, o que equivale a 197 milhões de seres conscientes mortos diariamente, em todo o mundo.

Em Portugal, apenas em 2022, foram abatidos mais de 207 milhões de frangos para consumo humano.

 

A vida criada para sofrimento e morte

As condições em que estas aves passam os seus dias são assustadoras. Vivem apenas cerca de 40 dias, mas crescem a um ritmo tão acelerado que, quando são abatidas, já têm praticamente o corpo de uma ave adulta. Devido à seleção genética, as aves criadas para frango crescem tanto em tão pouco tempo que desenvolvem uma série de doenças, incluindo insuficiência cardíaca e respiratória, e dificuldades severas de locomoção, passando horas ou até dias sentadas ou deitadas por não se conseguirem levantar. Muitas acabam por não aguentar o seu próprio peso, não se deslocam aos dispensadores de comida e acabam por morrer ainda no pavilhão de engorda. 

A densidade dos pavilhões é outro grande problema para estas aves. Fechadas em pavilhões lotados de outras aves, sem espaço para desenvolver os seus comportamentos mais naturais, tal como debicar e raspar a terra ou empoleirar-se. Desde o dia em que entram no pavilhão, até ao dia em que saem (para ser transportadas para o matadouro), o que estes seres conhecem é o confinamento, a dor e um chão sem relva ou terra, estando muitas vezes deitadas sobre as próprias fezes.

Após 42 dias de vida, estes bebés com corpos de gigantes, internacionalmente já conhecidos como Franckenchickens, são transportados para o matadouro, onde irão passar por novas situações de stress, dor, mau manuseamento e, claro, morte.

 



Vídeo:

Excerto do documentário "Dominion"

Play Video

Créditos fotográficos © Farm Transparency Project / Dominion

Texto da petição:

Pelo fim do abate de pintos machos

Reconhecemos que esta prática é cruel, inaceitável e desumana, devendo ser legalmente proibida. Consideramos ainda que tal método não se justifica e não é coerente com as políticas de Bem-Estar Animal que a indústria e a legislação portuguesa dizem implementar. 

Queremos ver esta prática abolida e incentivos à investigação de tecnologias mais compassivas na indústria.

Atenciosamente,

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